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Uma equipa do Departamento de Química (DQ) da Universidade do Minho, liderada por Pier Parpot, contribuiu para o desenvolvimento de catalisadores nanoestruturados que transformam compostos orgânicos presentes em águas contaminadas em compostos mais amigos do ambiente, permitindo o tratamento das águas residuais. O projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL).
O professor Pier Parpot explica que a ideia foi degradar os poluentes por oxidação até ao dióxido de carbono, utilizando como catalisador os nanotubos de carbono. Estes nanotubos associam-se a metais como platina, paládio e cobre para eliminar os compostos poluentes. “Encontramos nas águas muitos contaminantes, em particular orgânicos e nitratos. Quisemos desenvolver uma tecnologia sustentável e os nanotubos de carbono têm características excecionais para a degradação específica destes compostos que em alguns casos apresentam concentrações superiores aos limites legais”, acrescenta Isabel Correia Neves, também professora do DQ.
Para Maurício Fonseca, outro professor da equipa, os processos aplicados habitualmente para degradar poluentes em meios aquosos não são limpos: “Eliminam os poluentes, mas produzem outros poluentes. Usar nanotubos de carbono é um processo sustentável na medida em que é limpo, transformando o poluente em dióxido de carbono e água”. A emissão de CO2 que daí resulta não prejudica o ambiente, pois as quantidades produzidas são pequenas e o CO2 pode ainda ser recuperado em carbonatos no meio aquoso. Mais importante, salienta Parpot, é que muitos dos compostos poluentes sejam eliminados, porque podem ser prejudiciais à saúde e a água é um bem de consumo essencial.
“Química verde” estudada por equipa ibérica
O projeto reuniu equipas de investigação espanholas e portuguesas. “Em Espanha foi realizada a caraterização estrutural dos nanotubos, no Porto fez-se a funcionalização com os metais e a oxidação química. Em Braga, com os mesmos materiais, fizemos a eletrocatálise para verificar qual o melhor processo para eliminar os poluentes”, descreve Isabel Correia Neves. “Pudemos fazer uma reação de oxidação nas condições mais suaves, isto é, sem temperaturas e pressões muito elevadas, poupando energia e recursos ambientais”, afirma o luso-turco Pier Parpot. “Em termos científicos, aplica-se uma diferença de potencial que torna o metal mais atraente para a transferência eletrónica ocorrer. Se queremos oxidar, controlamos o potencial do eletrocatalisador para que os eletrões sejam retirados mais facilmente do poluente”, continua. Os resultados foram promissores.
Pela sua importância no desenvolvimento de novas abordagens na química verde, a continuidade deste trabalho foi recentemente financiada pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON.2 - O Novo Norte).