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“General sem medo” desapareceu há 50 anos e é alvo de uma exposição
A Biblioteca Pública de Braga apresenta até 10 de abril uma exposição bibliográfica sobre Humberto Delgado, evocando o 50º aniversário do seu desaparecimento. A mostra tem uma centena de publicações dedicada ao "general sem medo", incluindo livros, revistas, recortes de imprensa e referências enciclopédicas. Está patente no átrio desta unidade cultural da UMinho, sita na Praça do Município, e tem entrada livre todos os dias úteis, das 9h-13h e 14h-18h.
Figura incontornável do século XX português, Humberto Delgado (1906-1965) liderou a principal tentativa de derrube do salazarismo, as presidenciais de 1958, tendo perdido por alegada fraude eleitoral. A campanha teve forte apoio popular e o mote “Obviamente demito-o”, a sua célebre resposta à France Presse sobre o destino que daria a Salazar se vencesse as eleições. A sua ousadia e, depois, a opção pela solução militar no derrube do regime levaram-no ao epíteto de “general sem medo”.
Humberto Delgado participou, ainda como jovem oficial, no movimento de maio de 1926 para implantar a Ditadura Militar, a qual daria lugar ao Estado Novo. A sua atitude e competência técnica fizeram-no ascender rápido, sendo o mais jovem general da Força Aérea, além de diretor de Aeronáutica Civil, membro da missão para que o Reino Unido usasse as bases militares dos Açores e representante de Portugal na NATO, nos EUA.
O contacto com democracias internacionais levou-o a questionar a legitimidade do salazarismo e a concorrer como independente às presidenciais. Sentindo-se em perigo, refugiou-se depois na embaixada do Brasil e partiu para o exílio, mas manteve ligações a tentativas revolucionárias, como a captura do paquete Santa Maria, o assalto ao quartel de Beja e a redes no Magrebe. Foi assassinado pela PIDE na fronteira de Badajoz, vítima de uma conspiração.
O impacto gerado na opinião pública contribuiu para que, nos 80 anos da implantação da República, o seu corpo fosse trasladado para o Panteão Nacional. Este ano, o Município de Lisboa propôs que o aeroporto da capital se chame aeroporto Humberto Delgado. Alvo de várias homenagens e monumentos, o “general sem medo” acumulou oito títulos honoríficos em Portugal, além dos de Oficial da Legião do Mérito dos EUA (atribuído pelo Presidente Eisenhower), Comendador da Ordem do Império Britânico e Cruz de 2ª Classe da Ordem do Mérito Militar de Espanha.